domingo, 7 de setembro de 2008

Programação de Setembro

A Barriga do Arquiteto
(The Belly of an Architect, Inglaterra/Itália, 1987)



Dia 16 de setembro, às 19h30
Casa de Cultura da UFJF
Av. Rio Branco, 3372
(entrada pela lateral, a porta da frente estará fechada)

Gênero: Drama
Duração: 107 minutos
Direção e Roteiro: Peter Greenaway

Sinopse: Um arquiteto norte-americano chega à Itália, para supervisionar uma exposição de Boullée, um arquiteto francês que ele idolatra, e que é famoso por suas construções ovais. Quando fica sabendo que seu ídolo ingere alimentos muito parecidos com seus próprios, fica desconfiado que sua jovem esposa (Chloe Webb), o está envenenando. As barrigas começam a se tornar uma fixação para ele, começa a fica doente e cada vez mais paranóico. Durante o período de nove meses, ele se torna obcecado por sua própria barriga, e começa a sentir estranhas contrações com dores muito fortes. Em consequência, perde usa mulher, seu "filho" e sua própria exposição.

Elenco: Brian Dennehy, Chloe Webb, Lambert Wilson, Sergio Fantoni, Stefania Casini



El Topo
(El Topo , México, 1970)



Dia 23 de setembro, às 19h30
Casa de Cultura da UFJF
Av. Rio Branco, 3372
(entrada pela lateral, a porta da frente estará fechada)

Gênero: Faroeste
Duração: 125 minutos
Direção e Roteiro: Alejandro Jodorowsky

Sinopse: “El Topo” é um pistoleiro todo vestido de preto que vaga pelo mundo sem motivo aparente, ajudando as pessoas em seu caminho. O filme apresenta um mundo deserto e sádico onde predomina a cultura mexicana, o culto às armas e ao fanatismo; uma jornada pelo surreal repleta de simbolismos e imagens impactantes.

Elenco: Alejandro Jodorowsky, Brontis Jodorowsky, José Legarreta, Mara Lorenzio, David Silva, Paula Romo


Soy Cuba
(Soy Cuba, Cuba/URSS, 1964)



Dia 30 de setembro, às 19h30
Casa de Cultura da UFJF
Av. Rio Branco, 3372
(entrada pela lateral, a porta da frente estará fechada)

Gênero: Drama
Duração: 141 minutos
Direção: Mijail Kalatozov
Roteiro: Enrique Pineda Barnet e Yevgeni Yevtushenko

Sinopse: São quatro histórias curtas sobre o sofrimento da gente cubana e suas reações. O filme não foi bem recebido pelos povos cubano e soviético na época de seu lançamento, permanecendo esquecido por 30 anos até ser resgatado por cineastas estadunidenses.

Elenco: Sergio Corrieri, Salvador Wood, José Gallardo, Raúl García, María Collazo

Premiações:
- Recebeu uma indicação como Melhor Filme Estrangeiro de 1996, pelo Independent Spirit Award.
- Premiado como Melhor Filme Estrangeiro de 1996, pelo National Society of Film Critics Awards.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Não Estou Lá

(I'm Not There , EUA/Alemanha, 2007)
Dia 9 de setembro, às 19h30
Casa de Cultura da UFJF
Av. Rio Branco, 3372
(entrada pela lateral, a porta da frente estará fechada)

Gênero:
Drama

Duração: 135 minutos
Direção: Todd Haynes
Roteiro: Oren Moverman e Todd Haynes

Sinopse:
Bob Dylan (Christian Bale / Cate Blanchett / Heath Ledger / Marcus Carl Franklin / Richard Gere / Ben Whishaw), ícone musical, poeta e porta-voz de uma geração. Sempre viveu em constante mutação ao longo da vida, especialmente durante os anos 60. Musicalmente, fisicamente, psicologicamente, as alterações do seu personagem público dialogaram com acontecimentos sociais e ocasionaram múltiplas repercussões culturais. De jovem menestrel a profeta folk, de poeta moderno a roqueiro, de ícone da contracultura a cristão renascido, de caubói solitário a popstar.

Elenco:

Christian Bale, Cate Blanchett, Heath Ledger, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Ben Whishaw, Julianne Moore

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Império dos Sonhos

(Inland Empire, EUA / Polônia / França, 2006)


Dia 2 de setembro,
excepcionalmente às 19h

Casa de Cultura da UFJF
Av. Rio Branco, 3372
(entrada pela lateral, a porta da frente estará fechada)


Direção: David Lynch
Roteiro: David Lynch
Gênero: Drama/Suspense
Duração: 103 minutos

Sinopse:
A percepção da realidade de uma atriz torna-se cada vez mais distorcida assim que ela se descobre apaixonada pelo ator do filme no qual está trabalhando, uma eterna refilmagem de uma produção polonesa que está supostamente amaldiçoada.

Elenco:
Laura Dern, Jeremy Irons, Justin Theroux, Harry Dean Stanton, Ian Abercrombie, Laura Harring, Nastassja Kinski, Naomi Watts

Curiosidades:
- Numa conversa entre o diretor David Lynch e a atriz Laura Dern ela disse que seu marido era de Inland Empire, uma área ao leste de Los Angeles. Posteriormente Lynch declarou que parou de prestar atenção no que a atriz dizia naquele momento, para ficar apreciando o som que a expressão "Inland Empire" provocava.
- David Lynch declarou que inicialmente Inland Empire não seria um filme. Ele apenas teve as idéias e, usando câmeras digitais, resolveu rodá-las, sem compromisso de que as cenas estivessem de alguma forma interligadas.
- Este é o 3º filme em que o diretor David Lynch e a atriz Laura Dern trabalham juntos. Os anteriores foram Veludo Azul (1986) e Coração Selvagem (1990).
- Este é o 2º filme em que o diretor David Lynch e as atrizes Naomi Watts e Laura Harring trabalham juntos. O anterior foi Cidade dos Sonhos (2001).
- Este é o 9º filme em que Laura Dern e Diane Ladd trabalham juntas. Os anteriores foram White Lightning (1973), Alice Não Mora Mais Aqui (1974), Coração Selvagem (1990), As Noites de Rose (1991), Na Mira do FBI (1996), Ruth em Questão (1996), Daddy and Them (2001) e Damaged Care (2002).
- A 1ª cena rodada foi a do monólogo da personagem de Laura Dern a um psiquiatra silencioso.
- Exibido na mostra Panorama do Cinema Mundial, no Festival do Rio 2007.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Pai e Filha

(Banshun, Japão, 1949)



Dia 26 de agosto, às 19h30
Casa de Cultura da UFJF
Av. Rio Branco, 3372

Direção: Yasujiro Ozu
Roteiro: ?
Gênero: Drama
Duração: 108 minutos

Sinopse:

Somiya é um velho professor viúvo que pensa em casar sua jovem filha Noriko que, de acordo com a sociedade, está na idade de casar. Mas Noriko não quer casar para poder ficar cuidando do pai. Somiya então finge estar se casando novamente para que a filha não tenha culpa de se casar.

Elenco: Chishu Ryu, Setsuko Hara, Yumeji Tsukioka, Haruko Sugimura, Kuniko Miyake

Comentários:

Um dos filmes mais conhecidos no Ocidente do mestre Ozu (1903-1963) é também um dos mais fortemente ligados ao espírito nipônico de respeito aos pais idosos.

Utilizando seu lendário estilo minimalista, com a câmera baixa e quase sempre imóvel em planos repetitivos e despretensiosos, Ozu narra com singeleza o pequeno drama familiar que gira em torno da resistência da filha de um velho professor viúvo a se casar, o que significaria obrigar o pai a reaprender a viver só, quebrando o forte vínculo entre eles.

Tudo é construído em pequena escala, sem grandes lances nem detalhamento, e sequer insinuações de conflito entre gerações ou entre tradição e modernidade - a filha é a mais conservadora, a ponto de reprovar que viúvos se casem outra vez.

É essencialmente um elogio ao amor e à compreensão mútua entre pai e filha. O filme muito cresce graças ao óbvio carinho de Ozu por seus personagens: pessoas simples e comuns cuja universalidade ele reforça através de sua narrativa direta e sem artifícios.

Rubens Ewald Filho

No Tempo das Diligências

(Stagecoach, Estados Unidos, 1939)



Dia 19 de agosto, às 19h30
Casa de Cultura da UFJF
Av. Rio Branco, 3372


Direção: John Ford
Roteiro: Ernest Haycox (história \'stage to lordsburg\'), Dudley Nichols
Gênero: Ação/Faroeste/Romance
Duração: 96 minutos

Sinopse:

Nove pessoas são obrigadas a embarcar em uma perigosa diligência através do Arizona, cada um com seu motivo pessoal para realizar tal viagem. Lotado de clássicas cenas do western, desde combates com índios até duelos na cidade.

Elenco:

John Wayne, George Bancroft, Louise Platt, Andy Devine, Claire Trevor, Tim Holt, John Carradine, Donald Meek, Thomas Mitchell, Berton Churchill

Premiação:

Vencedor do Oscar de Melhor Ator para Thomas Mitchell e de Melhor Trilha Sonora.

Amarcord

(Amarcord, Itália/França, 1973)

Dia 12 de agosto, às 19h30
Casa de Cultura da UFJF
Av. Rio Branco, 3372


Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 127 minutos
Direção: Federico Fellini
Roteiro: Federico Fellini e Tonino Guerra
Produção: Franco Cristaldi
Música: Nino Rota
Fotografia: Giuseppe Rotunno
Desenho de Produção: Danilo Donati
Direção de Arte: Giorgio Giovannini
Figurino: Danilo Donati
Edição: Ruggero Mastroianni

Sinopse:
Através dos olhos de Titta (Bruno Zanin), um garoto impressionável, o diretor dá uma olhada na vida familiar, religião, educação e política dos anos 30, quando o fascismo era a ordem dominante. Entre os personagens estão o pai e a mãe de Titta, que estão constantemente batalhando para viver, além de um padre que escuta confissões só para dar asas à sua imaginação anti-convencional.

Elenco:
Pupella Maggio (Miranda Biondi), Armando Brancia (Aurelio Biondi), Magali Noël (Gradisca), Ciccio Ingrassia (Teo), Nando Orfei (Pataca), Luigi Rossi (Advogado), Bruno Zanin (Titta Biondi), Gianfilippo Carcano (Don Baravelli), Josiane Tanzilli (Volpina)

Premiações:
- Ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 1975.
- Recebeu 2 indicações ao Oscar em 1976, nas seguintes categorias: Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original.
- Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.
- Ganhou o Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu.

Curiosidades:
- O título Amarcord é uma referência à tradução fonética das palavras "mi recordo" usada na região de Emilia-Romagna, na Itália, onde o diretor Federico Fellini nasceu.
- O diretor Federico Fellini por diversas vezes negou que Amarcord fosse um filme auto-biográfico, mas concordou que há passagens semelhantes com eventos por ele vividos em sua infância.
- Apesar de ter sido lançado em 1973 Amarcord concorreu ao Oscar de 1976, já que seu lançamento nos Estados Unidos apenas ocorreu neste ano.
- Amarcord foi o 1º filme lançado em home video no formato letterbox.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007






O filme de estréia do diretor Orson Welles é, ainda hoje, 66 anos após seu lançamento, uma das obras mais influentes, e talvez por isso, controversas e debatidas nestes mais de 100 anos de história do cinema.
Aclamado por muitos como o melhor filme já produzido, qualquer abordagem crítica exige uma postura que se esquive tanto de uma bajulação ingênua e estéril, quanto de ataques inconsistentes e arrogantes – tendência atual de uma crítica cinematográfica cada vez mais acadêmica, despreparada e empertigada.
Um importante passo a ser dado rumo a uma interpretação mais madura da obra se consolida a partir da compreensão de que as várias inovações técnicas e estéticas advindas com “Cidadão Kane” não podem ser avolumadas – como o fazem alguns críticos e estudiosos que insistem em reduzir o filme a um exercício de virtuosismo cinematográfico. Ora, tais inovações são, tão somente, o meio instrumental para a consecução de algo maior, que seja: a grandiosidade humana que se desprende de cada fotograma. Somente desse modo “Cidadão Kane” se dimensiona na plenitude das suas virtudes e das suas limitações, como, aliás, toda obra de arte: intrinsecamente magnânima e doente.
“Cidadão Kane” narra a jornada de um jornalista na busca pelo significado da palavra proferida pelo milionário Charles Foster Kane segundos antes de morrer – “Rosebud”. Assim, através do mistério encerrado na impenetrável palavra, assistimos à reconstrução da sua vida desde a infância, com o evento que seria determinante na constituição psicológica do homem que viria a ser, até a morte – uma das mais chocantes da história do cinema, tamanha a solidão e a indiferença contidas no único gesto desencadeado por ela: uma anônima empregada que cobre seu corpo com um lençol numa noite particularmente soturna e silenciosa.
Orson Welles defere um duro golpe em duas instituições depositárias do mais arraigados valores americanos: a imprensa e a adoção irrestrita do ideário capitalista – ainda que, em nenhum momento, as críticas sejam balizadas por um viés político, mas sempre por um consciencioso humanismo. Através do “jornalismo marrom” que Charles F. Kane implanta ao assumir o jornal “Inquirer”, Orson Welles traça um sombrio retrato acerca das inumeráveis maquinações políticas e da permeabilidade a interesses escusos que se entrincheiram nos recônditos das redações dos jornais de grande circulação e penetração pública.
Charles F. Kane é sorvido progressivamente por uma solidão que enfatiza o processo de desintegração sócio-familiar desencadeado por sua imersão na esquizofrênica ordem capitalista que se expandia com a recuperação econômica dos EUA no período da 2ª grande guerra. Kane é o arquétipo do empreendedor americano, a reificação absoluta do “self-made man”. E na inexorabilidade do seu desejo de acúmulo financeiro e de poder, Kane assiste ao desmoronamento das suas relações sócio-familiares. Porém, curiosamente, o conteúdo demasiadamente shakespeariano da tragédia pessoal de Charles F. Kane impede que a mesma se restrinja à miséria da realidade americana.
Assim, para além da renovação estética do expressionismo alemão, da inovação na construção narrativa, da revolução técnica da linguagem cinematográfica, ergue-se soberana uma grande história humana, provinciana e universal como toda obra de arte. Para que escapemos, astutamente, da frieza e do esquematismo tacanho das análises puramente técnicas de “Cidadão Kane”, basta que lembremos da lição do grande mestre Roland Barthes acerca do prazer do texto: o mínimo de saber com o máximo de sabor. Assim “Cidadão Kane” deve ser fruído.